Reunidos em volta da Madonneta de Gênova, os funcionários administrativos do Colégio Santa Dorotéia de Belo Horizonte tiveram a oportunidade de mergulhar nos traços da Maternidade Espiritual de Paula Frassinetti. Reunimo-nos no sábado, dia 17/05 e na segunda-feira 19/05.
Sabemos que, em muitos momentos de seu existir, quando acometida de grandes intempéries como a morte do pai, do irmão Padre José, bem como a doença e a morte prematura de muitas Irmãs do Instituto, Paula soube com veemência conter as lágrimas e até mesmo manifestar qualquer gesto de alegria em um momento de recreação e descontração com as Irmãs e as Alunas.
Contudo, já na maturidade, quando as crises de paralisia passaram a fazer parte do seu calvário e a limitavam em suas ocupações no Governo Geral do Instituto, Paula se mostrou íntima das lágrimas e se comovia com muita facilidade. Paula chorava e se emocionava constantemente com os gestos geradores de alegria e contentamento e também com aquilo que era doído e sofrido. Temos aqui a expressão da maternidade de nossa Madre Fundadora: a suavidade e a firmeza. Sabe-se que o mundo carece de lágrimas heraclitianas, vale dizer, o mundo tem sede de um choro gerador de um fluxo constante de mudanças, de apropriação e desapropriação de si e do mundo.
Ao refletir com os funcionários administrativos sobre a Maternidade Espiritual de Paula Frassinetti no governo do Instituto, insistimos numa abordagem mais madura, mais humana e menos romântica ou imaculada da imagem infantil que temos de mãe e que nos vem à tona no mês de maio, quando tecemos homenagens à nossa Mãe e também à Mãe de Jesus.
Para o grupo de funcionários, ficou clara a noção de que Paula Frassinetti em seu exercício maternal e vivência da espiritualidade, sempre priorizou as manifestações ordinárias desta prática. Assim, Paula insistia com as Irmãs com a ideia de que os valores do Evangelho, a relação com Deus e com Maria não são manifestados em gestos miraculosos e extraordinários, mas no cotidiano ordinário das relações olho no olho.
A ternura de Paula Frasinetti, mãe das Irmãs e de todos nós, é como o Pai Misericordioso de Rembrandt que acolhe o filho com mão masculina e a mão feminina. Paula sabia equilibrar ternura e firmeza, era dócil, sabia escutar, mas não tinha meias palavras para dizer e escrever o que precisava ser revisto e transformado.
À luz da Psicanálise de Winnicott, contemplamos o olhar de Paula Frassinetti em sua fotografia e, percebemos em sua expressão o equilíbrio desta suavidade e firmeza formadora de uma ternura maternal. Vimos que Paula amava as Irmãs e as alunas, cuidava de cada uma em particular, era sensível com as plantas e os bichos, mas não reteve nada e ninguém para si. Sentia-se afeiçoadíssima por todas, mas nuca perdia a consciência de que a sua afeição ou o seu afetar-se supunha entregar a todos e a cada um ao Senhor, daí a expressão: “sua afeiçoadíssima no Senhor!” que encerrava muitas de suas cartas.
Com Paula Frassinetti aprendemos nestes dois dias que a maternidade, a ternura, a apropriação e a desapropriação são acessíveis a cada um de nós, Irmãs Doroteias e Leigos Doroteus, presentes na Escola Doroteia e no mundo. Fomos afetados pela sua maternidade e saímos compelidos a crescer na ternura e na Missão!
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