Com esta temática instigante, abrimos as atividades da Escola para a Formação Permanente de Leigos neste segundo semestre de 2014. Reunimo-nos com os Educadores no último dia 22 de julho e, auxiliados pelas reflexões do Paula em Mosaico, debruçamo-nos neste aspecto genial da personalidade e mística de nossa Madre Fundadora.
Vimos que a relação entre os contrários é uma reflexão recorrente na Linguística, na Filosofia, na Espiritualidade e também na Ciência. Assim, na compreensão de um paradoxo ou de uma antítese na Língua Portuguesa, vemos resplandecer na gramática uma preocupação sumária com as ideias opostas.
Na Filosofia, a constante luta entre os contrários se apresenta calorosa quando refletimos sobre a oposição entre os sentidos e a razão, a aparência e a essência, o sensível e o inteligível, o corpo e a alma, o real e o abstrato. No século XIX, o grande filósofo Nietzsche, ao refletir sobre a trajetória do conhecimento na Filosofia, assinala os elementos apolíneo e dionisíaco presentes na condição humana. É uma reflexão metafórica sobre os opostos: a eterna luta entre o pensar e o sentir, a razão e o vinho. Segundo o filósofo, a dimensão apolínea foi sempre priorizada estabelecendo uma cisão do homem com o lúdico, o sentimento e o prazer. O filósofo propõe o resgate do dionisíaco a fim de que, no niilismo, o homem resgate o sentido da vida e de suas escolhas fundamentais.
Na Ciência (na Física, por exemplo), há a constatação de uma atração dos opostos. Nos estudos contemporâneos sobre energia, há uma insistência dos físicos quanto à necessidade de uma contemplação da harmonia de opostos complementares. Segundo esta tendência, a harmonização dos opostos nos habilita para a compreensão da totalidade do cosmos.
Na Espiritualidade e na História das Religiões, variadas são as tentativas de uma compreensão dos opostos. No Budismo, fala-se em “Caminho do Meio”, no Taoísmo, no equilíbrio dos opostos complementares yin/yang. Na cultura judaico-cristã, há uma ênfase nas oposições: Adão X Eva; Pecado X Salvação; Inferno X Céu... Em Jesus de Nazaré, é possível perceber uma harmonia belíssima entre os opostos: Pureza + Impureza; Pecador + Salvação; Manjedoura + Reino de Deus; Tabor + Calvário; Morte + Ressurreição...
A experiência de Jesus é marcada pelo encontro e pela predileção por aquilo e aqueles que já estavam perdidos e condenados. Por isso, ele faz opção pelos impuros (doentes), pelos pecadores (prostitutas, cobradores de impostos...), pelos mais pobres e abandonados.
Dotada de uma Espiritualidade Cristocêntrica, Paula Frassinetti aprende de Jesus o exercício primoroso da Harmonia entre os Contrários: Fortaleza + Ternura de Coração; “Violência” + Mansidão; Humildade + Decisão; Zelo Apostólico + Equilíbrio; Ânsia de Grandes Coisas + Valorização das coisas pequenas; Total abandono em Deus + Esforço Pessoal; Apoiada unicamente em Deus + Serve-se de todos os meios humanos; Seriedade + Humor; Prudência + Espontaneidade; Atenção a cada pessoa + Atenção ao Bem Comum; Pobreza + Generosidade; Cruz + Alegria; Ação + Contemplação.
Cada Educador pôde escolher uma destas dimensões da harmonia entre os opostos a fim de mergulhar na tarefa de aperfeiçoar-se como educador doroteano, evangelizador e Cristocêntrico. Tivemos uma noite de aprofundamento, estudo e de uma partilha valiosa e primorosa no nosso intento de crescer a cada dia e fortalecer o nosso compromisso cristão e missionário na Escola Dorotéia.
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