Educadores de Belo Horizonte refletem sobre a Espiritualidade Libertadora
publicado em 12.11.15
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Para o desenvolvimento das atividades da Escola de Formação Permanente de Leigos neste mês de novembro, reservamos uma reflexão no que se refere à Espiritualidade Libertadora. Nesta noite de trabalhos (03/11), fomos iluminados pelas reflexões de nosso Professor de Filosofia Renato de Faria.
Construindo um diálogo permanente da Espiritualidade com a Filosofia, o Professor Renato teceu considerações sobre a “evolução” do entendimento ocidental do que seja o amor: Eros, Philia e Ágape...
O Eros tem base platônica e se estrutura na ideia de que amar supõe realizar um desejo ou suprir uma falta, carência. Assim, quando se realiza o desejo, mata-se o amor.
A Philia se faz no encontro com o outro em vista de um fim... a eudamonia, isto é, o sentir-se bem e alcançar a tão sonhada felicidade. Contudo, este amor é aristocrático pois mantém o status quo, pois a felicidade se realiza quando cada um encontra e aceita a sua condição como peças fixas de um “quebra-cabeça”.
A grande novidade do Cristianismo foi a introdução do Amor Ágape. Este amor se realiza plenamente nas três pessoas da Santíssima Trindade e se faz carne em Jesus de Nazaré. Supõe doação e libertação. Ao amar, podemos ser para o outro âncora ou raiz. Quando nos tornamos âncoras, temos a tendência de reter o outro, abafá-lo, impedi-lo de navegar... Quando somos raízes, vivemos a profundidade do ágape, tornamo-nos doação, um amor de recuo para que o outro seja mais... Jesus muda a lógica e faz opção pelos últimos...
Leonardo Boff, em sua fundamentação da Teologia da Libertação, discute três estratégias para se entender a condição do pobre. A primeira interpreta o pobre como aquele que não tem. Com isso, há que se matar a sua fome e protegê-lo com intervenções assistencialistas que irão mantê-lo sempre pobre. A segunda estratégia apresenta o pobre como aquele que tem. Com esta perspectiva, há que se oferecer a ele oportunidade para que ele ingresse no mercado de trabalho e ganhe a sua vida. A terceira é a perspectiva que enxerga o pobre como aquele que tem força histórica, ou seja, ele se compromete com a libertação de todos e ousa apostar em uma sociedade mais igualitária e menos malvada.
Esta terceira é para nós a perspectiva do amor ágape. O amor do recuo e da comunhão de sonhos e utopias. O amor que liberta e promove libertação!
Na oração final de nossa formação, Maria Teresa e Rosalva nos apresentaram um vídeo sobre o cotidiano de nossa escola, tendo como narrativa o depoimento de alunos que se sentem amados e libertados pela maneira evangelizadora de fazer educação ao jeito de Paula. Ao voltarmos para nossas casas, sentimo-nos revigorados no desejo de amar e produzir libertação naquilo que somos, sonhamos e fazemos!