No dia 3 de março, dia do nascimento de Paula Frassinetti, reunimo-nos para mais uma oportunidade de formação na Escola de Leigos. Foi uma noite de oração e bendição a Deus. Organizamos a formação/celebração em três momentos: Vida, Fraternidade e Cruz.
Ao evocarmos a vida de Paula trouxemos para o grupo de educadores uma provocação: Viver melhor ou bem viver? O “viver melhor” supõe uma ética do progresso ilimitado e nos incita a uma competição com os outros para criar mais e mais condições para “viver melhor”. Entretanto para que alguns pudessem “viver melhor” milhões e milhões têm e tiveram de “viver mal”.
Paula nos desperta para o bem viver. O “bem viver” visa a uma ética da suficiência para toda a comunidade e não apenas para o indivíduo. O “bem viver” supõe uma visão integradora do ser humano inserido na grande comunidade terrena que inclui além do ser humano, o ar, a água, os solos, as montanhas, as árvores e os animais; é estar em profunda comunhão com a Mãe Terra, com as energias do universo e com Deus. A Madre Fundadora se encantava com as pessoas, com os figos, o papagaio. Sabia amar a todos. “As suas plantas estão bem. São regadas com frequência.” (Carta 417,6). “Os seus limoeiros sofreram com o frio, e por isso estão menores do que quando se foi embora...” (Carta 645,6). “Como vão as suas plantações?” (Carta 774,3).
Rezamos nesta noite a vida de Paula e trouxemos o seu testemunho como provocação para o que queremos e estamos fazendo no mundo com a nossa e as demais vidas! Ao refletirmos sobre a construção da Fraternidade em Paula, descobrimos que, em Paula, a Fraternidade pode ser assim descrita: um sabor... um perfume... uma brisa... um circular da vida através de pequeninos gestos, que nascem do coração e se recolhem no coração... “Recomendo que façais muito caso das coisas pequenas.” (Carta 685,4): bem sabia Santa Paula o valor dos pequenos-grandes gestos, os únicos capazes de gerar a verdadeira fraternidade.
A Campanha da Fraternidade de 2015 tornou-se nesta noite a nossa referência quaresmal de produzir a fraternidade em serviço ao jeito de Jesus Cristo: “Eu vim para servir!” "olhos amigos, ouvidos atentos, palavras encorajadoras, talvez mãos rotas, sobretudo um coração quente"... A construção da fraternidade supõe disponibilidade de corpo, alma e espírito. Supõe colocar a mão no arado e não olhar para trás. É caminhada, marcha, peregrinação... É missão... É anunciar e denunciar em nome do Reino de Deus ao jeito de Paula.
No terceiro momento da formação, colocamo-nos diante da cruz centralizada e iluminada no palco do teatro, reconhecendo nela o sinal de nossa redenção e passagem da morte à vida. A Cruz é a superabundância do amor de Deus que transborda sobre este mundo. É nesta perspectiva de amor que Paula sempre olha e abraça a Cruz: Se nos nossos sofrimentos olharmos para o Crucifixo e pensarmos que Aquele que vemos suspenso da Cruz é o nosso Deus, que deixou o Céu e depois de uma vida laboriosa, cheia de humilhações, trabalhos e sofrimentos de todo o gênero, quis morrer nesse madeiro infame só para nos mostrar o amor que nos tem, a quem poderão parecer demasiado duros os poucos sacrifícios que Deus pede de nós? (Carta 224,5).
Deus faz participantes da sua Cruz aqueles que mais ama (Carta 340,2). (...) com o amor a Jesus vem também o amor à sua Cruz, e imediatamente cessará em si toda a luta, e a verdadeira paz inundará logo o seu coração (Carta 294,4). A paz e a Santa Cruz estejam consigo. (Carta 247,1; cfr. Cartas 248,1 e 250,1). Se no passado não a abracei [a cruz] com alegria, de futuro, mediante a graça e a força que me hão de obter as almas boas que rezam por mim, hei de colocá-la no centro do coração e guardá-la como fez Aquele que nela morreu por meu amor (Carta 33,4).
Ao encerrarmos a nossa formação, cada educador recebeu um cartão contendo os quinze conselhos do Papa Francisco para a vivência da quaresma e, diante da cruz redentora, cada um pôde fazer o seu compromisso de conversão e mudança de vida para a páscoa do Senhor!
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