Sintonizados com o mês da Bíblia, reunimo-nos em Escola de Leigos no dia 13 de setembro para refletir sobre as passagens bíblicas que aparecem nas Cartas de Paula Frassinetti. Organizamos a casa em grupos de trabalho segundo os temas:
1. Abandono nas Mãos de Deus
2. Confiança em Deus
3. Viver de fé
4. Vontade Deus
5. Amor efetivo
6. Oração – Força Infalível
A temática de cada grupo foi inspirada no Capítulo do Livro Paula em Mosaico intitulado “Passagens Bíblicas nas Cartas de Santa Paula Frassinetti”. Ao começarmos os trabalhos em cada grupo, apresentamos aos educadores um ícone do Pantocrator, representação de Jesus de origem oriental, muito utilizada pelos místicos em momentos de meditação e cultivo da espiritualidade. Com os olhos voltados para o ícone, os educadores foram se deixando conduzir pelo Espírito Santo, reconhecendo a centralidade de Jesus Cristo, tal como nos propõe a Etapa “À Beira do Poço”.
Com o corpo, alma e espírito disponíveis para a Graça de Deus, em silêncio, cada educador fez uma leitura do capítulo proposto no Livro Paula em Mosaico. Ao percorrer cada citação bíblica feita por Paula em suas cartas, o educador precisaria se ater àquele trecho que mais lhe falasse ao coração naquele momento.
Nesta noite de contato com Paula e a Palavra de Deus, colocamo-nos também “À Luz do farol” e descobrimos que houve na História da Igreja muitos momentos de aproximação e distanciamento dos fieis com relação ao contato com a Palavra de Deus. Vimos que no século V, São Jerônimo (o tradutor oficial da Bíblia para o Latim) exortava os fiéis para que tomassem contato diário com a Palavra. Contudo, a partir da Escolástica Medieval, com o desenvolvimento de interpretações e paralelos da Bíblia com outros textos e referências, a Igreja acabou por afastar a Palavra do contato com os fiéis. Há orientações do século IX feitas nos púlpitos das Igrejas para que os católicos não tivessem em casa nenhum exemplar do Antigo e Novo Testamento. Com a Reforma Protestante no século XVI, há uma tentativa dos cristãos reformados de traduzirem a bíblia para a língua vernácula e disponibilizá-la aos fiéis. O Concílio de Trento do mesmo século XVI se coloca totalmente contrário às traduções da Palavra de Deus e encarrega à Tradição e ao Magistério a tarefa de instruir os fiéis católicos através da pregação sobre os conteúdos da Palavra de Deus. Assim, até o século XIX, a Bíblia era, para os católicos, um livro enigmático e desconhecido. Todos os Concílios realizados pela Igreja, do século XVI ao XIX, se ocupam de condenar erros cometidos no manuseio, tradução e contato dos católicos com a Palavra de Deus.
Diante deste contexto, Paula se nos apresenta de modo surpreendente. A sua intimidade com a Palavra de Deus foge à “normalidade” eclesial do século XIX. Paula, não só demonstra em suas cartas um apreço pela Palavra de Deus, como se utiliza dela com objetivos apostólicos (hoje, diríamos, pastorais). Sabemos de sua sensibilidade, intuição e curiosidade. Tendo em família, quatro teólogos, Paula cultivou em si a arte da escuta geradora de conhecimento sabedoria e fundamentação para a sua mística.
No último momento de nossa formação, cada educador foi convidado a escolher no centro da sala um cartão contendo uma imagem que despertasse a sua atenção e aguçasse a sua curiosidade. No verso do cartão, havia uma das citações bíblicas elencadas no livro Paula em Mosaico. Este foi um momento pessoal e comunitário de diálogo com a Palavra de Deus. Em silêncio, cada educador buscou uma compreensão espiritual daquela imagem e daquela citação para a sua vida e missão de educador e evangelizador doroteano. Em seguida, deu-se uma alongada e rica partilha de vida, de desafios, sonhos, certezas, esperanças à luz da Palavra de Deus.
Encerramos a noite de formação assumindo a exortação capitular de DAR VIDA até o fim no que somos, temos, almejamos e esperamos!
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