Na formação dos leigos de Belo Horizonte neste mês de abril, trabalhamos os elementos da Redenção e da Ressurreição na libertação das pessoas. Tivemos uma noite de reflexões e orações, conduzida pelos Professores de Formação Humana e Cristã, Filosofia e Sociologia sob a assessoria dos formadores locais.
Iluminados pela experiência pascal de Paula Frassinetti que nos diz: “Desejo a todas uma Santa Páscoa, mas lembrem-se de que, para ressuscitar com Jesus, é preciso morrer com Ele no calvário e na cruz” (Carta 640,8), tivemos a oportunidade de refletir sobre a passagem constante e cíclica da morte à vida, num eterno fluir de ir e vir.
Mergulhamos na ideia de que a experiência da redenção e da ressurreição devemocorrer na vida de cada um, bem como nas relações que vamos construindo no decorrer do existir. A partir da canção Tanto de coisas do compositor e cantor Affonsinho,refletimos sobre o emaranhado (ou no dizer de Paula, “o bordado”) da história que vamos escrevendo na relação com as coisas e as pessoas.
A experiência da Redenção como forma de libertação nos foi apresentada a partir de alguns elementos da Filosofia Antiga até a sua plenitude no Evangelho. Do pensamento grego, vimos que a Redenção pode ser pensada e digerida a partir do comprometimento do ser humano com a felicidade plena ou a “eudamonia”. Em Aristóteles, ela se apresenta como a opção interna e integral com o bem e com as causas coletivas (política). Em Epicuro com a aponia e a ataraxia, uma existência sem dor, porque pautada na quietude do coração e cessação da dor. Em Diógenes e nos cínicos, uma felicidade encontrada no completo abandono de tudo o que é material ou status e no abraço do despojamento e supressão de qualquer apego. Nos estoicos, uma felicidade alcançada na sobriedade e no equilíbrio. Jesus Cristo é o únicoque vincula a redenção ao perdão, como expressão máxima do amor de si e de Deus. Os seus gestos de perdão e libertação enchem o Evangelho de Palavra de Salvação.
Ao refletirmos sobre a Ressurreição, contemplamos a primavera do Hemisfério Norte, a alegria pela semeadura, pela fartura, pelo restabelecimento da vida. Era o sentido da Antiga Páscoa. Na experiência judaica, contemplamos o sentido de passagem e de libertação da escravidão para a Terra prometida. A erva amarga, para dizer da dureza da passagem; o pão sem fermento, para sinalizar a pressa e o risco da libertação, o cordeiro como alimento que restabelece, na água salgada, as lágrimas derramadas em tempos de escravidão e nas quatro taças de vinho, a referência aos pés plantados na realidade e apoiados em Deus como a rama da videira que se alastra para a produção de seus frutos. A experiência da Ressurreição de Jesus foi-nos anunciada por Maria Madalena, Maria como aquela que se sente amada por Javé, por isso, representa todos aqueles que centralizam sua vida no Cristo.
Para encerrar, fomos conduzidos por uma belíssima oração ao modo de Taizé. Rezamos a redenção e a ressurreição. Através de mantras cristãos, fomos introjetando a mística da passagem da morte à vida. Toda a escola foi convocada a assumir a luz do Ressuscitado e fazer dela a lâmpada de todas as nossas escolhas e decisões. Na oração, aprendemos com Paula que, “Grande é a paz de que goza o coração vazio de si e possuído apenas pelo amor de Deus!” (Carta 316,3). Cada participante recebeu um lindo cartão de Páscoa contendo uma mensagem de Paula Frassinetti. Espontaneamente, os educadores foram lendo em voz alta a mensagem recebida e, pelas palavras de Paula, um grande louvor foi feito a Deus pela Ressurreição presente em nosso meio.
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