No dia 3 de maio, os educadores de Belo Horizonte tiveram, por meio da formação da Escola de Leigos, a oportunidade de refletirem sobre a Maternidade Espiritual da Madre Fundadora em uma interlocução com a Sociedade do Cansaço do filósofo sul-coreano, radicado na Alemanha, Byung-Chull Han. “(...) A todas amo com amor materno; todas me estão gravadas no coração com caracteres indeléveis!” (Carta 867,3).
A Maternidade Espiritual de Paula Frassinetti abraçou toda a Congregação no seu zelo pela práxis do amor materno no cotidiano das Irmãs e das Alunas. Esta mesma maternidade nos abraça e nos inspira neste momento desafiante da história da educação, quando os estudantes retornam às atividades presenciais, depois de quase dois anos de distanciamento e ensino remoto emergencial.
No primeiro momento da formação, demos a conhecer o pensamento de Byung-Chull Han sobre a Sociedade do Cansaço. Segundo o filósofo, professor da Universidade de Berlim, até o final do século XX vivíamos sob a égide da Sociedade Disciplinar, tal como delineada na Filosofia de Michel Foucault. Tratava-se de uma Sociedade Binária em que existiam os que mandavam e aqueles que obedeciam: pais X filhos; professor X alunos; patrão X empregados; adultos X crianças; médico X paciente... Vivíamos sempre sob a vigilância de alguém. O pressuposto básico das relações era a negatividade, apresentada como disciplina e limite frente aos desejos instintivos da condição humana.
Com a Pós-Modernidade, há o abandono progressivo da Sociedade Disciplinar. Em seu lugar, consolida-se a Sociedade do Desempenho. Nela, o sujeito da obediência cede espaço para o sujeito do desempenho. Mais autônomo e senhor de si, este novo sujeito vê-se invadido pelo excesso de positividade. A negatividade, a noção de disciplina e controle externos são substituídos pelo excesso de responsabilidade individual do sujeito que deve vencer-se e superar-se a si mesmo.
No mundo Pós-Moderno, viver é produzir e ser um profissional e uma pessoa de sucesso. Para Byung-Chull Han, esta sociedade tem gerado pessoas deprimidas, hiperativas e acometidas de síndromes e fobias intermináveis. Vivemos a tirania do sucesso a qualquer preço. Os chamados “fortes e vencedores” são aqueles que vivem para o trabalho, propondo-se metas impossíveis e enxergando o tempo como um desafio a ser dominado para a realização de multitarefas.
No segundo momento da formação, provocamos o encontro da Filosofia de Byung-Chull Han com a Maternidade Espiritual de Paula Frassinetti. O filósofo discorre sobre uma alma adoecida na condição humana e apela para o resgate da vida contemplativa, o reencontro com o silêncio interior e a capacidade de ver com o Espírito e, assim, saber fazer escolhas diante da multiplicidade de opções na Sociedade do Desempenho. Na Maternidade de Paula, encontramos a mulher dos três Ps: POUCO, PEQUENO e POSSÍVEL:
|