Junho se desponta como o mês do Coração de Jesus: “Hoje começa o belo mês do Coração Santíssimo de Jesus. Gostaria que se fizesse com verdadeiro fervor...; mas, repito, que seja feito com empenho e especial fervor, principalmente com o exato cumprimento dos próprios deveres.” (Paula Frassinetti,Carta 456,7), bem como o mês da Festa Canônica de Paula Frassinetti: “São bem poucos aqueles e aquelas que se santificaram em tempos tranquilos e entre aplausos e louvores; mas muitos, e quase todos, nas lutas e perseguições, quer gerais quer particulares. Aproveitemo-nos, portanto, também nós destes tempos preciosos de tanta tribulação, empenhando-nos seriamente em nos fazermos santas, santas.” (Paula Frassinetti, Carta 563,2)
Foi com este espírito que, no dia 07 de Junho, reunimos para a formação dos Educadores. Com o tema A Santidade de uma Vida construída em um coração “como cera mole e folha em branco, para que à cera Ele possa dar a forma que Lhe aprouver, e, na folha, escrever o que quiser” (Outros Escritos de Paula Frassinetti p.16,9). Nesta noite, aproximamos a trajetória de Santidade de nossa Madre Fundadora com a Mística da Filósofa Simone Weil e as reflexões do Papa Francisco na Gaudete et Exsultate.
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Simone Weil, filósofa francesa do século XX, viveu apenas 34 anos (1909-1943). De origem judia, teve uma infância em lar agnóstico, tendo ingressado bem jovem na faculdade de Filosofia da Sorbonne, revelou-se uma pensadora de grande valor, deixando-nos um grande legado no campo da Filosofia do Trabalho e da Mística. Após lecionar Filosofia por alguns anos, Simone Weil se afastou do meio acadêmico, colocando-se ao lado dos pobres e iletrados como funcionária na linha de montagem da Fábrica de Automóveis Renault. Ali, viveu na própria pele, a precariedade das condições de trabalho dos mais pobres, sempre explorados em sua força de trabalho, com uma rotina estressante e extenuante, que não lhes deixava tempo para pensar e refletir sobre a sua própria condição. De compleição muito frágil, Simone Weil acabou adoecendo e, convencida pelos pais, realiza uma viagem de férias e repouso em uma pequena cidade de Portugal. Ali, ela se encontra envolvida, pela primeira vez com o Catolicismo, a opção de Jesus Cristo pelos mais sofridos e espoliados e fará deste envolvimento e identificação sua divisa filosófica. Trabalhando na época da segunda guerra, como agricultora nos trigais e nas vinhas, Simone Weil desenvolve a chamada Mística do Trabalho, ressaltando a importância da atenção do trabalhador na busca de sentido sobre a atividade desempenhada na luta pela sobrevivência. A atenção se refere à conexão do corpo, da alma e do espírito, tendo na Pessoa de Jesus a melhor referência de ser gente.
Aproximando a filósofa de Paula Frassinetti, vemo-la comungar com a identificação e centralidade de Jesus Cristo e, como consequência, a proximidade com os mais pobres e sofridos. Na linha da Gaudete et Exsultate, Simone Weil pertence à classe média da santidade ou àquele grupo que se santifica no anonimato da vida ordinária, convite e chamado feito por Deus a cada um de nós, todos os dias.
Encerramos a formação com a inauguração da Caminhada da Luz, atividade realizada sempre no mês de Junho com uma exposição artística que nos aponta para a mística do Facho Ardente que jorra do Coração amoroso de Jesus. Neste ano, abrimos guarda-chuvas coloridos e iluminados para nos lembrar da força da reunião, o espírito de família, a vida que brota quando nos fazemos comunidade de fé. Em espírito junino, comemos canjica quentinha, carinhosamente preparada para este dia especial.
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