O Colégio Anjo da Guarda reuniu o grupo dos seus educadores na manhã do dia 06 de agosto, p.p., Festa litúrgica da Transfiguração do Senhor, para sua habitual capacitação mensal. A data, providencialmente, possibilitou que o grupo celebrasse o 4º dia da Novena em preparação ao aniversário da Fundação e à celebração de unificação da Província América Latina e posse do novo Governo Provincial. A manhã esteve sob assessoria do Prof. Jean Sidcley. Uma interlocução da Santidade de Paula Frassinetti com a mística do trabalho de Simone Weil: esse foi o tema proposto para reflexão e estudo.
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Na explanação do assunto, Prof. Jean assinalou que a “mística é um conhecimento de Deus por experiência, mas uma experiência que não se separa da práxis.” Dessa forma estabeleceu uma profunda relação entre a filósofa-operária Simone Weil e sua mística do trabalho com as intuições pedagógicas e a santidade de Paula Frassinetti, mostrando o quanto ambas foram sensíveis ao sofrimento humano e à experiência profunda da paixão de Cristo, que prolonga-se nos membros de seu corpo: os pobres.
Dessa forma, o grupo foi convidado a pensar qual é o lugar dos pequenos e pobres nesta obra de educação evangelizadora e de que forma podemos encontrar nosso espaço de santificação no cotidiano dos nossos afazeres. A experiência mística, fruto de uma compaixão autêntica pelo sofrimento alheio, ajuda-nos a conhecer os caminhos maternos de Deus: trechos feitos entre luzes e sombras, alegrias e tristezas que deveriam se tornar, apesar desses contrastes, fontes de esperança e santificação. O material apresentado foi baseado na biografia de Simone Weil e nos escritos de Santa Paula.
O momento de reflexão foi precedido por uma memória da Fundação da Congregação, quando se realizaram orações e homenagens às Irmãs e ao Prof. Jean, grande amigo dessa comunidade educativa do Anjo da Guarda.
Começam com uma proposta para a motivação e ambientação do momento da oração no auditório, de onde seguiram para a Alameda das Júlias, tão belamente floridas nessa época do ano; uma “Catedral do Criador”, como a chamou a nossa Diretora, Ir. Cecília Francischini.
O movimento e o espaço eram propícios à memória da fundação:
“‘Despontou finalmente a aurora de 12 de agosto de 1834.’ Assim começam as Memórias, a história da fundação. Paula tinha 25 anos. As sete jovens reuniram-se às 4h30 da manhã, quando as casas ainda estavam mergulhadas no sono. Em devota peregrinação iam à Igreja de Santa Clara em S. Martinho de Albaro. Era uma igreja anexa a um mosteiro de clarissas, que ainda hoje existe, como também a estrada Antica Romana, que as jovens percorriam a pé. Passava, então, por entre o verde das hortas, dos campos e dos jardins, oferecendo às peregrinas um silêncio interrompido apenas pelas vozes da natureza, tão em sintonia com os sentimentos que lhes inundavam os corações. [...] Ao chegar à casita, reuniram-se na sala, onde eram realizados os trabalhos e também era utilizada como capela. No local, prepararam um altarzinho, em que o pe. José conduziu uma atividade: cantaram o hino de invocação ao Espírito Santo e um cântico de ação de graças. Iniciou-se uma vida em comum, caracterizada pela mais austera pobreza” (ROSSETO, R. p. 45-47).
Os trechos destacados no texto inspiraram a reconstituição que os educadores puderam fazer das origens da Congregação em Quinto: a exuberância da natureza na Alameda; o altarzinho na varanda; o grupo reunido em torno da casa das Irmãs; o canto ao Espírito Santo e o canto de ação de graças, lembrando o Veni Creator e o Te Deum que as primeiras irmãs cantaram; os mimos oferecidos às Irmãs e ao Prof. Jean, feitos pelas mãos de uma nossa professora, lembrando o artesanato que sustentou a primeira comunidade em Quinto, e entregues por educadoras cujas mãos tecem e fiam belos bordados e macramês; a presença de um sacerdote, lembrando o pe. José Frassinetti: tudo foi providencialmente preparado para que o grupo tivesse a oportunidade de rezar suas próprias raízes.
Ao final dessas orações e homenagens, Prof. Jean, tomado de emoção, lembrou a frase de Pedro a Jesus naquele dia da Transfiguração no monte Tabor: “Como é bom estarmos aqui!”
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